Temos, com bastante frequência, salientado em nossos artigos a importância do multímetro em todos os campos de atividade em que a eletricidade esteja presente. Um desses campos, e que a cada dia tem mais a eletrônica presente, é o da eletricidade no automóvel. Os multímetros comuns podem realizar uma infinidade de diagnósticos no sistema elétrico e eletrônico do carro, mas agora os que trabalham neste setor podem ter algo mais do que um multímetro comum para ajudá-los. A ICEL está apresentando um novo multímetro que é especificamente projetado para trabalhos no carro, com funções importantes específicas que os leitores merecem conhecer. Neste artigo vamos falar um pouco deste novo multímetro.

 

Este artigo é de 1995. Verifique no site da Icel (www.icel.com.br) a existência de instrumentos equivalentes mais modernos.

 

Antigamente o sistema elétrico dos automóveis era bastante simples, conforme podemos ver pela figura 1.

 

Sistema elétrico simples de um carro.
Sistema elétrico simples de um carro.

 

Uma bateria fornecia energia ao sistema elétrico quando o carro se encontrava parado. Essa bateria era carregada por um dínamo ou alternador, passando sua corrente por um regulador de tensão e corrente (à base de relés). O alternador se encarregava de fornecer energia ao sistema com o carro em movimento.

A energia era usada para o sistema de ignição, bastante simples, os faróis e eventualmente algum dispositivo adicional como por exemplo a buzina, o rádio, lâmpadas internas e instrumentos de painel.

No entanto, a eletrônica começou pouco a pouco a fazer parte do circuito elétrico básico do carro, saindo do rádio que era praticamente o único aparelho que realmente poderia ser classificado como eletrônico nesse conjunto todo.

Inicialmente vieram os circuitos temporizadores e o próprio alternador com reguladores de tensão à base de transistores, diodos e circuitos integrados.

Depois, apareceu a ignição eletrônica, a injeção eletrônica e o ABS (Sistema de Freios Antiderrapantes). Nestes, além dos transistores, diodos e outros componentes eletrônicos comuns, entraram em ação os circuitos integrados dedicados, os microcomputadores bastante complexos.

Na figura 2 temos um exemplo de circuito de ignição eletrônica onde o bloco eletrônico contém um sofisticado circuito inversor que gera altas tensões para a bobina comandado por sinais de sensores acoplados ao distribuidor.

 

Sistema eletrônico de ignição.
Sistema eletrônico de ignição.

 

O próprio painel do carro também passou a usar mais e mais circuitos eletrônicos com indicadores do tipo bargraph ou de barra móvel, como por exemplo velocímetros e indicadores de nível de combustível, a ainda indicadores digitais do tipo com displays de 7 segmentos para odômetros, nível de combustível, etc., conforme mostra a figura 3.

 

Exemplo de painel de instrumentos.
Exemplo de painel de instrumentos.

 

Tudo isso significa que também a instrumentação do eletricista de automóvel teve de evoluir, passando do simples voltímetro amperímetro e o carregador tradicional de bateria, para equipamentos muito mais sofisticados.

O eletricista de automóvel atual se encontra em sérias dificuldades, pois normalmente não sabe como acompanhar a evolução eletrônica do automóvel e por isso se vê completamente impotente quando um veículo com recursos eletrônicos entra na sua oficina com problemas.

A solução mais adotada é "trocar o módulo". Se a ignição não funciona se testa tudo até chegar ao módulo. Por eliminação ele é trocado, mas realmente "o que tem dentro e o que faz" a maioria dos profissionais não sabe.

O próprio ajuste dos carros tem sido cada vez mais e mais feito com equipamentos eletrônicos sofisticados.

A luz de ponto, que hoje já é comum na maioria das oficinas, não está só em termos de recursos para os ajustes do ponto de funcionamento e o diagnóstico de motores.

 

Uso da luz de ponto
Uso da luz de ponto

 

Muitos equipamentos de testes usados no carro são sofisticados e caros, não podendo fazer parte das oficinas de menor porte que não têm volume de serviço que compense um investimento.

No entanto, existem instrumentos baratos que podem, fazer parte de todas as oficinas e que permitem a análise de componentes eletrônicos de um carro de uma forma bastante eficiente.

Um desses instrumentos é o multímetro que agora pode ser encontrado numa versão específica para o carro.

 

O MULTÍTMETRO MODELO AM-9000 (ICEL)

Um Instrumentos indispensável para o eletricista (eletrônico) de automóveis moderno é o multímetro digital AM-9000 da ICEL.

 

 Modelo mais recente da Icel que substitui o AM9000.
Modelo mais recente da Icel que substitui o AM9000.

 

Com um mostrador de 3 1/2 dígitos de cristal líquido este instrumento foi projetado de modo a incluir todas as funções necessárias ao exame da parte elétrica de automóveis modernos.

Isso significa a possibilidade de se examinar sistemas de ignição eletrônica, injeção eletrônica, painéis eletrônicos de instrumentos, reguladores de tensão de estado sólido, além de fazer as provas convencionais de componentes simples como: prova de diodos, teste de fusíveis, lâmpadas e fiação, medidas de tensão e carga de baterias, etc.

Além dessas funções, este instrumento também permite a verificação do ângulo de abertura (dwell) que é fundamental para a colocação "no ponto" de motores.

A rotação do motor, outro parâmetro importante para o ajuste da "marcha lenta" tem a leitura direta neste instrumento que funciona também como tacômetro.

Uma chave no painel permite selecionar o tipo de motor que está sendo analisado, de 4 a 8 cilindros, obtendo-se excelente precisão nas indicações, com a grande vantagem de que se trata de aparelho de muito fácil manejo, pelas suas reduzidas dimensões (cabe no bolso do eletricista de automóveis).

As medidas de tensões contínuas são feitas em 4 escalas, com limites até 1 000 volts o que permite examinar não só a parte elétrica normal de 12V como também saídas de inversores ou mesmo do circuito de ignição transistorizada que opera com valores na faixa de 300 a 600 volts.

As escalas de resistências são semelhantes as que existem nos multímetros comuns, com fundos de 200, 20k, 200k e 2M ?, o que permite tanto a realização de testes de continuidade como de isolamento.

O estado de sensores como, por exemplo, os termistores usados no controle de temperatura com faixas de valores entre 50 e 200 k ? podem ser verificados diretamente com este aparelho.

 

Testando um NTC (Sensor de temperatura)
Testando um NTC (Sensor de temperatura)

 

A escala de corrente tem valores apropriados a aplicação automotiva. Enquanto os multímetros comuns, usados na oficina de eletrônica possuem escalas de resistências na faixa dos microampères e miliampères, este instrumento possui uma escala única de 10 ampères.

Isso significa a possibilidade de se verificar o consumo de determinados dispositivos alimentados no carro, e até se detectar eventuais problemas de funcionamento pela corrente drenada.

Uma bobina de ignição com curto no enrolamento primário passa a drenar uma corrente maior que a normal. Evidentemente, esta é uma escala que deve ser usada com muito cuidado, pois pode facilmente causar a sobrecarga com danos ao instrumento.

Outro recurso importante deste instrumento e que normalmente poucos multímetros usam é a chave "data/hold".

Trata-se de um "fixador" de indicações. Feita uma leitura de qualquer grandeza, por exemplo um ângulo de abertura, apertando-se esta chave, o multímetro "memoriza" este valor, mantendo-o no mostrador, mesmo que o aparelho tenha sido desconectado do circuito em prova.

Isso permite ao eletricista consultar os manuais sem perder os dados, ou mostrar ao cliente que o valor de uma certa rotação ou ângulo foi fixado conforme o indicado.

Enfim, para os técnicos que desejam um instrumento que lhes permita trabalhar nos carros modernos com eficiência, este instrumento é de grande utilidade.

 

CARACTERÍSTICAS DO AM-9000

* Display: 3 1/2 dígitos de cristal líquido com indicações entre 1999 e -1999 (com indicador de polaridade e faixa)

* Indicador de "overrange": se o valor de entrada ultrapassar o alcance do aparelho 3 dígitos significativos apagam

* Faixa de temperaturas de operação: 0 a 50 graus centígrados.

* Faixa de temperaturas de armazenamento: -35 a 60 graus centígrados.

* Coeficiente de temperatura: menor que 0,1 x sobre a precisão para cada grau centígrado.

* Alimentação: 9V de bateria comum ou alcalina

* Duração da bateria: 100 horas para baterias comuns e 200 horas para alcalinas (típico)

* Indicador de bateria: quando a bateria se esgota aparece no mostrador a mensagem BAT.

* Dimensões: 74 mm x 150 mm x 30 mm

* Peso: 230 g

* Acessórios: Pontas de prova

Kit de garras jacaré

Caixa para armazenamento

Manual de instruções

 

GRANDEZAS MEDIDAS

* Rotações por minuto para motores de 4,5,6 e 8 cilindros - faixa de 0 - 8000 rpm

* Resolução: 10 rpm (os valores são divididos por 10)

* Precisão: 3% da leitura

* Possui proteção contra sobrecarga (200V DC/AC em menos de 20 segundos)

* Ângulos de abertura:

4 cilindros - 0-90 graus - resolução de 0,1 graus

5 cilindros - 0-72 graus - resolução de 0,1 graus

6 cilindros - 0-60 graus - resolução de 0,1 graus

8 cilindros - 0-45 graus - resolução de 0,1 graus

* Tensões DC:

Faixa de 2 V - resolução 1 mV

Faixa de 20 V - resolução de 10 mV

Faixa de 200 V - resolução de 100 mV

Faixa de 1 000 V - resolução de 1 V

* Corrente DC

Faixa de 10 A - resolução de 10 mA

* Resistência:

Faixa de 200 ? - resolução de 0,1 ohm

Faixa de 20 k? - resolução de 10 ?

Faixa de 200 k? - resolução de 100 ?

Faixa de 2 M? - resolução de 1 000 ?

* Prova de diodos: resolução de 1 mV com 2,8 V de tensão aplicada (tensão em circuito aberto)