Muito se comenta sobre os perigos das radiações emitidas pelos equipamentos eletrônicos, desde as de baixas frequências representadas por campos de eletrodomésticos até as das mais altas frequências, produzidas por celulares, microondas e outros. No entanto, nos últimos tempos existe uma especial preocupação com os perigos que os campos magnéticos de baixa frequência podem representar para as pessoas.

 

Campos magnéticos produzidos por equipamentos domésticos, linhas de transmissão, transformadores e outros dispositivos, têm sido associados às mais diversas doenças incluindo-se a leucemia e algumas outras formas de câncer.

Mas, o perigo maior vem do fato de que não sentimos esses campos e nem os vemos. Como então saber se estamos absorvendo esse tipo de radiação em nosso ambiente de trabalho ou em nossa casa? É justamente disso que vamos tratar nesse artigo ensinando o leitor a montar um medidor de energia eletromagnética de baixa frequência ou ELF.

As discussões sobre os reais efeitos dos campos eletromagnéticos de baixas frequências, como os criados por equipamentos de uso doméstico, linhas de transmissão e muitos outros têm levado as autoridades a estabelecer diversas normas para medir a exposição excessiva das pessoas a esse tipo de radiação.

Se bem que existam normas rigorosas que impedem que eletrodomésticos, televisores, monitores de vídeo e muitos outros equipamentos produzam níveis de radiação perigosos, como saber se outros tipos de equipamentos, instalações ou dispositivos estão emitindo radiação num nível perigoso?

Uma linha de transmissão de alta tensão, um transformador de distribuição de energia ou mesmo um equipamento antigo podem gerar campos capazes de nos afetar, conforme mostra a figura 1.

 


 

 

 

 

O grande problema de tudo isso é que esses campos são invisíveis e não são percebidos pelo nossos sentidos. Suas consequências só se tornam palpáveis quando uma doença mais grave toma conta de nós. Uma maneira de se saber se num ambiente existe intensidade de radiação de baixa frequência num nível que possa ser considerado perigoso é através de um equipamento que faça sua medida.

Equipamentos profissionais para essa finalidade são caros e fora do alcance das pessoas comuns que então, não podem saber se estão ou não expostas a campos perigosos nos locais em que frequentam. O que propomos é um circuito muito simples que, ligado a um voltímetro digital comum permite avaliar a intensidade do campo de baixa frequência num local de forma muito simples.

O circuito não é preciso, mas serve para dar uma ideia de que se algo anormal está ocorrendo, podemos nos prevenir e analisar.

 

 

 

Os Campos

A rede de energia trabalha com correntes alternadas que, no nosso país, tem uma frequência de 60 Hz. Isso significa que em torno de qualquer condutor que conduza essa corrente, teremos um campo magnético de baixa frequência que cria onda eletromagnética das mesma frequência e cuja intensidade é proporcional à intensidade dessa corrente, conforme mostra a figura 2.

 


 

 

 

Qualquer corpo condutor que esteja no caminho dessa onda eletromagnético ou sujeito a esse campo, terá induzidas correntes da mesma frequência, conforme mostra a mesma figura. Essas correntes representam energia absorvida e têm diversos efeitos sobre o organismo como:

 

a) Aquecimento

O aquecimento é o mesmo que ocorre num forno de microondas. A energia absorvida converte-se em calor nas células dos organismos vivos. Se a potência absorvida for muito alta, a temperatura sobe o suficiente para cozinhar as células.

No caso dos campos de baixa frequência a que estamos sujeitos, normalmente as potências absorvidas são insuficientes para que esse tipo de efeito ocorra de maneira perigosa.

 

b) Alterações fisiológicas

A captação de um campo faz com que sejam induzidas correntes e essas correntes podem provocar alterações químicas num meio condutor como é o organismo vivo. Essas alterações seriam responsáveis pelo aparecimento de tumores e até mesmo modificações genéticas.

 

c) Alterações nervosas

Essas alterações estão associadas ao fato de que íons de cálcio e potássio, como os responsáveis pela transmissão de impulsos nas junções nervosas, são ressonantes em frequências próximas aos 60 Hz da rede de energia. Houve até uma proposta recente de se mudar a frequência da rede no sentido de se minimizar os perigos que a ressonância desse íons representa para o organismo. Não foi adiante, pois tornaria inoperantes todos os dispositivos eletrodomésticos que dependem da frequência para seu funcionamento como os que fazem uso de motores.

 

 

As Medidas

A quantidade de energia absorvida é medida em Gauss, sendo o miligauss o submúltiplo que mais se adapta ao uso nas intensidades que normalmente encontramos nas aplicações comuns.

Se levarmos em conta que a absorção de uma certa quantidade de energia por um corpo, como o nosso corpo, induz uma certa tensão, podemos associar a tensão medida nesse corpo à quantidade de energia em miligauss.

Esse é justamente o princípio de funcionamento de nosso medidor de miligauss. A cada 1 V medidos no corpo podemos associar aproximadamente uma energia de 250 mGauss. Por exemplo, basta usar a escala do multímetro em milivolts e dividir o valor por 4 para se obter a energia absorvida, conforme mostra a figura 3.

 

 


 

 

 

Se medirmos, por exemplo, 200 mV teremos uma energia absorvida de 50 miligauss. Para os padrões comuns o que é e o que não é perigoso pode ser dado por uma tabela conforme se segue:

 

Energia Absorvida Nível de Perigo
Até 5 miligauss Nível baixo – inofensivo
5 a 25 miligauss Nível regular – perigo a longo prazo
25 a 100 miligauss Nível alto – deve ser evitado
Mais de 100 miligauss Muito alto – perigo extremo

 

 

O circuito

Na figura 4 temos o diagrama do medidor simples de absorção de energia que propomos nesse artigo.

 


 

 

 

O que temos é um simples detector de onda completa que transforma o sinal induzido de corrente alternada de baixa frequência numa tensão que será aplicada a um multímetro digital de alta impedância. A alta impedância é absolutamente necessária nesse caso, pois a intensidade do sinal é muito pequena. Multímetros analógicos não funcionariam nesse circuito devido à sua baixa impedância de entrada.

 

O multímetro será utilizado na faixa de 200 mV e eventualmente se o sinal detectado for maior, deve-se mudar para a escala de 2 000 mV (2 V). A montagem do circuito e extremamente simples podendo ser feita numa pequena ponte de terminais, conforme mostra a figura 5.

 


 

 

 

 

Para usar, basta segurar o eletrodo que pode ser um pedaço de fio ou uma barrinha de meta, conforme mostra a figura 6l. O valor da tensão lida dará a quantidade de miligauss que a pessoa estará absorvendo naquele local.

 


 

 

 

Experimente se aproximar de equipamento elétricos em funcionamento, fios da rede de energia e outros locais para verificar a variação que ocorre. Fazendo medidas em diversos locais de sua casa ou local de trabalho você pode verificar quais são os locais mais “perigosos” onde os níveis de radiação são mais elevados.

 

 

Lista de Material

D1, D2 – 1N4148 – diodos de silício de uso geral

C1 – 100 nF – capacitor cerâmico

C2 – 220 pF – capacitor cerâmico

X1 – Multímetro digital

Diversos:

Ponte de terminais, fios, solda, eletrodo etc.

 

 

Links para artigos no site e livros:

https://www.newtoncbraga.com.br/index.php/38-newton-c-braga/conversando/12429-eletronica-que-mata-ma089.html 

https://www.newtoncbraga.com.br/index.php/meio-ambiente-e-saude/4820-ma046.html 

https://www.newtoncbraga.com.br/index.php/biblioteca-do-instituto/7910-projetos-eletronicos-para-o-meio-ambiente 

https://www.newtoncbraga.com.br/index.php/biblioteca-do-instituto/7813-projetos-eletronicos-para-o-bem-estar-e-saude 

 

 

 

 

NO YOUTUBE


NOSSO PODCAST