Uma ideia interessante é viajar ao passado através de anúncios de revistas. Tenho uma imensa coleção de revistas técnicas partindo de antes mesmo de eu entrar no mundo da eletrônica, pois as comprava usadas em sebos (lojas de revistas e livros usados). Assim, neste artigo vou falar um pouco do mundo da eletrônica no Brasil, com ênfase à rua Santa Ifigênia em São Paulo nos anos 60 e depois através de anúncios das revistas da época.
A Rua Santa Ifigênia em São Paulo era o centro da eletrônica com muitas lojas de componentes que também se espalhavam pelas ruas vizinhas como a Timbiras, dos Gusmões e chegando mesmo a Av. Rio Branco.
Colhendo anúncios das revistas antigas vou fazer uma viagem no tempo contando coisas que eu vivi quando percorria essa região em busca de material para meus experimentos, projetos e muito mais.
Eram lojas que se especializavam tanto na venda de componentes, instrumentação e ferramentas como também de rádios e televisores, muitos na forma de kits.
No sábado, chegavam à região ônibus vindos do interior e centenas de técnicos que desciam na estação rodoviária que era próxima e na Estação da Luz vindos de trem, com suas listas de materiais necessários ao reparo dos equipamentos que estavam em suas oficinas.
A primeira loja que paro para lembrar era a Trancham que existe até hoje, com seu enorme estoque de componentes. Tinha de tudo que precisávamos para nossos projetos.
Me lembrei desta loja, através deste anúncio que encontrei numa Eletrônica Popular de 1969, é poca em que eu frequentava assiduamente a região em busca de novidades da eletrônica.
Naquela época eles eram distribuidores dos televisores Zephir, uma marca de TV pequena, que fazia sucesso no interior, principalmente, onde os técnicos levavam os kits e montavam para vender a preços menores do que os televisores de marcas famosas.
Um fato curioso é que diferentemente dos dias atuais em que somos conhecidos tanto pelas redes sociais como eventos, naquela época os artigos das revistas não punham as fotos dos autores.
Assim, poucos sabiam quem eu era e eu podia entrar nas lojas, comprar, observar o atendimento sem ser conhecido. Uma liberdade que não tenho hoje.
Nossa próxima parada é a Casa dos Transformadores. Quem gosta de som e começou nos anos 60 ou 70 certamente se lembra dessa loja da Santa Ifigênia e de seus produtos. O anúncio é da revista Monitor de Rádio e Televisão de agosto de 1965.
Os grandes fabricantes de produtos para amplificadores de alta fidelidade, principalmente os transformadores de força e ultra-lineares tinham as suas lojas. E para a Willkason, a loja era a Casa dos Transformadores que eu também frequentei quando precisava de transformadores para meus projetos.
Vejam pelo anúncio que não eram apenas transformadores para amplificadores que eles faziam, mas produtos indutivos em geral como transformadores para transmissão, vibradores, choques de filtro e muito mais.
Nossa próxima parada é a Simpson, uma grande e bem conhecida loj daqueles tempos. Na rua Santa Ifigênia, além de componentes eletrônica ela se destacava na época pelos kits de televisores.
Pela imagem podemos ver o cuidado como eram colocados os componentes para envio e montagem. Não havia o que errar. Muitos técnicos ganharam dinheiro montando e vendendo esses kits. O anúncio e de uma revista Radio e Televisão de 1964.
Nossa próxima parada é na mesma rua, na Eletrônica Cosme e Damião que tinha como principal foco na época a venda de rádios. O anúncio que mostramos abaixo é de uma revista Monitor de Rádio e Televisão de agosto de 1965. Nesse anúncio os rádios da última geração eram anunciados. Quem da velha geração comprou componentes nesta loja?
Terminamos nossa caminhada nesta fase na famosa Eletrônica Zamir que eu gostava em especial pelos seus stands de ofertas, muitas vezes componentes pouco comuns que eu adorava comprar para criar coisas novas.
Quem de nossos seguidores já comprou nela? Certamente muitos que começaram suas atividades na eletrônica naquela época e depois. O anúncio é da revista Radio e Televisão de agosto de 1965. A loja focalizada era ponto obrigatório de vista quando eu ía para a região em busca de novidades eletrônicas.
A Eletrônica Zamir tinha de tudo e suas caixas na entrada da loja com ofertas eram maravilhosas. Descobria muitas coisas que depois geraram artigos para as revistas em que trabalhei. Naquela época o rádio era o produto em destaque. Muitos técnicos compravam para revender em suas cidades e é claro optavam pelas marcas de confiança. Muitas vezes atendiam encomendas como hoje fazem muitos donos de pequenas lojas do interior com os produtos da 25 de março e José Paulino em são Paulo, atendendo pedidos de edredons, cobertores, coisas de cozinha, etc.
