Pequenos detalhes técnicos, interpretação de informações do próprio fabricante ou a observação das antenas instaladas nas vizinhanças podem significar a diferença entre se obter ou não uma boa recepção de TV.

Com o número crescente de canais que operam na faixa de VHF e também SHF para os sistemas de assinatura, a instalação de um sistema não significa a instalação de uma simples antena num mastro mas algo mais que isso. Perguntas e respostas que muitos técnicos e leigos fazem serão analisadas neste artigo de grande interesse tanto para o instalador de antenas comuns como parabólicas.

 

Obs.: Este artigo é de 1996 quando a grande maioria dos lares recebia TV por VHF ou UHF convencional. Hoje já temos a predominância da TV a cabo e satélite mas as dicas deste artigo ainda são válidas para os que se utilizam do método tradicional de receber estações de TV.

 

 

1. Podemos instalar mais de uma antena num mesmo mastro?

 

Atualmente é raro encontrarmos uma residência ou mesmo um condomínio que tenha apenas uma antena para a faixa de VHF. Mesmo nas residências mais modestas podemos encontrar além da antena de VHF uma antena para os canais de VHF e eventualmente para o sistema de TV por assinatura na faixa de SHF (Frequência Super Alta).

 

A tendência natural dos instaladores que já tinham uma antena de VHF é simplesmente acrescentar a antena de UHF no mesmo mastro (colocando o misturador) numa posição intermediária, conforme mostra a figura 1.

 


 

 

 

Dois problemas ocorrem na instalação observada na figura 1, e que devem ser evitados para se obter a melhor recepção.

 

O primeiro é que, sendo os sinais de UHF e também SHF mais sensíveis à presença de obstáculos que os sinais de VHF, será melhor instalar a antena de UHF mais alto que a antena de VHF, ou seja, acima da antena de VHF, conforme mostra a figura 2.

 


 

 

 

O segundo está na distância mínima que as antenas podem ficar uma da outra. A tendência natural, quando se aproveita um mastro curto, é não se respeitar uma separação conveniente entre as antenas.

 

O resultado disso é que uma antena acaba por "interferir" na outra. O que ocorre é que a antena não só recebe sinais mas também reflete ou desvia parte deles, tendo um certo raio de influência que deve ser evitado. Uma antena muito próxima de outra tem suas características alteradas de tal forma a ocorrerem problemas de recepção.

 

A distância mínima recomendada entre duas antenas é 1 metro, se bem que alguns fabricantes até tolerem uma distância de 80 cm.

 

 

2. Antenas próximas interferem na recepção da minha antena?

 

Nos prédios que não contam com sistemas coletivos ou mesmo em residências que tenham vizinhança muito próxima, as antenas podem estar próximas umas das outras o suficiente para que ocorram problemas.

 

Conforme vimos no item anterior, a proximidade de antenas, mesmo de faixas diferentes deve ser evitada.

 

Uma antena colocada à frente da sua pode impedir a passagem dos sinais ou deflexioná-los e uma colocada nas laterais pode provocar reflexões ou dispersões capazes de causar fantasmas na sua imagem.

 


 

 

 

Um problema adicional que a proximidade de antenas causa é a irradiação de sinais. Os televisores comuns quando sintonizam uma estação geram em seus circuitos sinais que não ficam totalmente retidos a estes circuitos. Se bem que tenham potências muito baixas, estes sinais podem ser irradiados e captados por uma antena próxima.

 

Linhas onduladas na tela ou mesmo chuviscos podem aparecer no seu televisor quando o seu vizinho ligar o dele, se suas antenas estiverem muito próximas. O mesmo pode ocorrer com o televisor dele quando você ligar o seu!

 


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Uma distância de pelo menos 5 metros deve ser mantida entre duas antenas para que não haja perigo de interferências.

 

Observamos que estas interferências podem ocorrer de forma mais acentuada com televisores antigos ou ainda quando são ligados certos aparelhos que funcionam conjugados aos televisores, conforme veremos.

 

 

3. Uma antena mais alta ajuda a obter uma melhor recepção?

 

Uma tendência do instalador de antenas, principalmente quando não obtém uma imagem satisfatória, é a de elevar sua altura, aumentando o comprimento do mastro.

 


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Um mastro mais elevado deve ser usado em caso de problemas de recepção nos seguintes casos:

 

a) quando existe na linha de propagação do sinal um obstáculo visível que impede a sua passagem. Por exemplo, um morro ou uma construção de grande porte, exigem que a antena seja mais alta para que ela possa ficar num ponto em que os sinais "chegam", conforme mostra a figura 6.

 


 

 

Se a recepção é ruim porque o sinal não chega até o local, não adianta elevar a antena, colocando-a num local em que o sinal também não chega. Às vezes é mais interessante mudar de local a antena tentando evitar o obstáculo, colocando-a num local em que o sinal chega do que resolver o problema elevando-a, conforme mostra a figura 7.

 


 

 

 

Neste ponto é que devemos lembrar a nossa introdução em que falamos que a observação das vizinhanças pode ser útil para resolver problemas de recepção.

 

b) quando a estação muito distante e devemos levar em conta o alcance dado pela curvatura da terra, conforme mostra a figura 8.

 


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Se a estação que devemos receber está a mais de 50 km de distância, mesmo que não exista nenhum obstáculo na direção de onda vêm estes sinais, será interessante colocar a antena o mais alto possível.

 

 

4. Como vencer as interferências?

 

Existem diversos tipos de equipamentos eletrônicos de uso doméstico que causam fortes interferências em televisores.

Um primeiro modo de propagação dessas interferências é pela rede de energia.

 

Assim, a rede de distribuição de energia é uma grande fonte de interferências que deve ser evitada.

 

Uma primeira precaução que deve ser tomada pelo instalador de antenas é evitar sua instalação muito próxima da rede pública, conforme mostra a figura 9.

 


 

 

 

A segunda precaução é evitar a instalação da antena também próxima da rede da residência o que se garante em parte com uma boa elevação do mastro, conforme mostra a figura 10.

 


 

 

 

Os sinais interferentes também podem entrar pelos cabos que transportam os sinais da antena até o televisor, mesmo sendo blindados, daí ser necessário uma precaução adicional com sua passagem.

 

Não use nunca os mesmos condutos dos cabos de energia para os cabos de antena, mas sim, instalações separadas, conforme mostra a figura 11.

 


 

 

 

A antena também deve ser instalada distante de aparelhos que possam causar interferências como por exemplo junto a paredes de um prédio. Neles podem existir aparelhos causadores de interferências como computadores, videogames, videocassetes, eletrodomésticos de diversos tipos, lâmpadas fluorescentes, conforme mostra a figura 12.

 


 

 

 

Os computadores irradiam sinais interferentes que produzem barras ou linhas tortuosas nas telas dos televisores, o mesmo ocorrendo com videocassetes cujos conectores tenham problemas.

 

A própria proximidade da rua também deve ser evitada no sentido de se evitar interferências. Os sistemas de ignição dos automóveis também irradiam sinais que podem afetar a recepção de TV, produzindo tanto chuviscos na imagem como pipocar dos sons.

 

 

5. Posso ligar mais de um televisor na mesma antena?

 

São poucos os lares que têm somente um televisor. Na verdade, a maioria possui pelo menos dois televisores que, para maior comodidade e economia são ligados a uma mesma antena ou mesmo sistema de antenas.

 

Assim, não existem problemas técnicos ou ameaças à integridade dos televisores se eles forem ligados a um mesmo sistema de antenas.

 

No entanto, a ligação não deve ser feita de qualquer maneira, ou seja, simplesmente "juntando-se" os seus fios nessas antenas.

 

O que se faz neste caso é usar um separador (que pode ser adquirido em qualquer casa especializada) e que tem por finalidade justamente separar os sinais do sistema de antena entre os dois televisores de modo que eles não interfiram um no outro e que não ocorram perdas de intensidade no sinal captado, conforme mostra a figura 13.

 


 

 

 

Alguns separadores permitem também que seja usado o mesmo sistema de antenas e de cabos para se receber os sinais de FM, alimentando um aparelho de som, mas as antenas e dispositivos separadores apropriados são importantes nesta instalação, conforme mostra a figura 14.

 


 

 

 

 

6. Qual é a posição certa de uma antena?

 

Andando pela cidade e observando os telhados podemos observar algumas aberrações na instalação de antenas como, por exemplo, algumas apontando para o lado errado e outras invertidas, com as varetas em posição vertical quando devem tê-las na posição horizontal.

 

Os tamanhos das varetas indicam a direção de onde deve vir o sinal enquanto que sua orientação deve ser dada pela polarização do sinal emitido.

 

Assim, conforme mostra a figura 15, as varetas menores devem ficar na frente e as maiores na parte traseira e todas elas devem ficar em posição horizontal.

 


 

 

 

A antena deve ficar apontada para a direção de onde vem o sinal. Em alguns casos, no sentido de serem evitadas interferências ou fantasmas pode-se admitir uma leve inclinação das varetas.

 

 

7. O que causa os fantasmas e como eliminá-los?

 

Os fantasmas são imagens de contornos duplos ou múltiplos que ocorrem pela reflexão dos sinais.

 

Esta reflexão pode ser externa como, por exemplo, em prédios ou morros no percurso do sinal da estação até a antena, conforme mostra a figura 16.

 


 

 

 

Para eliminar ou reduzir este tipo de fantasma podemos experimentar diversos artifícios como:

 

a) Mudar de posição a antena no telhado de modo a sair da linha de reflexão do sinal que causa o fantasma. Na faixa de UHF, às vezes um deslocamento de alguns centímetros é suficiente para se obter uma eliminação ou redução considerável do fantasma.

 

b) Trocar a antena por uma de maior diretividade, ou seja, uma antena que tenha mais elementos e assim apresente um ganho maior num cone mais estreito, conforme mostra a figura 17, rejeitando assim os sinais que venham lateralmente e que são responsáveis pelos fantasmas.

 


 

 

 

c) Usar um atenuador. Se o sinal da estação em que ocorrem os fantasmas forem muito fortes os fantasmas podem ser eliminados com a utilização de um atenuador, conforme mostra a figura 18.

 


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O que ocorre é que a redução dos dois sinais faz com que o sinal fantasma (refletido) caia abaixo da capacidade de processamento dos circuitos, desaparecendo. O sinal principal, entretanto, sofre uma redução que não afeta sua qualidade.

 

A outra origem possível para os fantasmas é a reflexão nos cabos ou nos elementos de conexão.

 

Se o sistema de cabos e antena não casar em características com o televisor, no ponto de conexão ocorrem reflexões que podem afetar a qualidade da imagem com o aparecimento de fantasmas, conforme mostra a figura 19.

 


 

 

 

Para resolver os problemas de fantasmas deste tipo devem ser verificados os conectores dos cabos, da antena e do televisor.

 

 

8. Quando devemos usar o booster ou amplificador de sinais?

 

Muitos pensam, erradamente, que os problemas de má recepção de determinadas estações, por exemplo, em locais distantes podem ser resolvidos pela simples utilização de um booster ou amplificador de sinais.

 

O booster é usado quando o sinal chega até uma antena, mas ao ser transmitido pelo cabo até o televisor sofre perdas ou atenuações (diminuições de intensidade) que impedem que o aparelho receptor os processe apropriadamente.

 

Assim, o sinal, com uma intensidade bem próxima do próprio ruído do circuito não consegue "tampar" totalmente esse ruído que acaba por aparecer na tela sob a forma de chuviscos.

 

Colocando o booster junto à antena, ele amplifica o sinal o suficiente para compensar as perdas numa linha de transmissão mais longa ou quando diversos aparelhos devam ser alimentados por um sistema de antenas que capta sinais fracos, conforme mostra a figura 20.

 


 

 

 

No entanto, se o sinal não chega até a antena, de nada adianta usar o amplificador, pois não há o que amplificar.

 

Se, por outro lado, o sinal chega de uma forma extremamente fraca ao tentar amplificá-lo, amplificamos também o ruído e o resultado é uma imagem com chuvisco amplificado!

 

 

9. O que é diretividade de uma antena?

 

Uma antena não capta da mesma forma os sinais que vêm de todas as direções. Conforme sua construção (formato, número de varetas e disposição dessas varetas), a antena capta com facilidade os sinais de uma determinada direção rejeitando os que vêm de outras direções.

 

Na verdade, esta direção é dada por um ângulo dentro do qual os sinais podem ser captados, conforme mostra a figura 21.

 


 

 

 

Assim, as antenas de menor diretividade possuem um ângulo mais aberto, ou seja, podem captar sinais de diversas direções, enquanto que as antenas de maior diretividade possuem um ângulo de recepção mais fechado.

 

A escolha da diretividade de uma antena está associada a necessidade de rejeitarmos sinais que venham lateralmente, de tentarmos captar diversas estações em locais diferentes ao mesmo tempo e também ao seu ganho que explicamos no próximo item.

 

 

10. O que é "ganho" de uma antena?

 

O ganho de uma antena é a medida de sua capacidade de captar os sinais. Se uma antena capta todos os sinais que venham de todas as direções com a mesma facilidade esta antena tem ganho unitário e serve de padrão.

 

Quando aumentamos a diretividade de uma antena, também aumentamos sua capacidade de concentrar os sinais que venham de uma determinada direção. Isso significa que, para os sinais que venham daquela direção, ela terá a capacidade de concentrá-los captando-os assim com mais facilidade. Dizemos então que, naquela direção a antena tem um ganho maior do que a antena usada como padrão.

 

Assim, uma antena de maior ganho (que também é mais diretiva) capta com mais facilidade os sinais da direção para a qual é apontada, conforme mostra a figura 22.

 


 

 

 

Se uma antena tem pequena ganho ela pode captar um sinal fraco de tal forma que não fornece o suficiente para excitar os circuitos de um televisor. A recepção será deficiente com o aparecimento do chuvisco. Por outro lado, se a antena tem maior ganho, para o mesmo sinal captado ela pode fornecer um sinal elétrico maior para a excitação dos circuitos de um televisor.

 

Se o sinal chega em sua localidade algo fraco e sua recepção é deficiente, a troca da antena por uma de maior ganho pode resultar numa melhor qualidade de imagem.

 

 

11. O que é impedância?

 

A impedância é uma medida da capacidade de adaptação de um circuito, ou seja, indica como ele "se comporta" eletricamente.

 

Assim, sabemos que se ligarmos um circuito a outro no sentido de transferir energia (sinais) de um para outro, a transferência só ocorre com o máximo de rendimento se suas impedâncias forem iguais.

 

Num sistema de recepção de sinais de TV temos três impedâncias a serem consideradas: a da antena, do cabo usado na transmissão dos sinais, e da entrada do televisor.

 

Se essas impedâncias (que são medidas em ohms) não se "casarem" ou seja, não forem iguais, os sinais não passam com o máximo de rendimento ocorrendo perdas e reflexões conforme indicamos na figura 23.

 


 

 

 

As antenas comuns possuem impedâncias de 75 ou 300 ohms enquanto que usamos dois tipos de cabos, a fita paralela de 300 ohms (menos comum) e o cabo coaxial de 75 ohms. Os televisores, por outro lado, possuem entradas de 75 ohms ou 300 ohms, conforme o tipo.

 

Para que tudo funcione corretamente, quando formos ligar um dispositivo de uma impedância em outro de impedância devemos usar "casadores".

 

O tipo mais comum é o "balun" (balanced to unbalanced) que permite casar a impedância de 75 ohms com a de 300 ohms, conforme mostra a figura 24.

 


 

 

 

 

 

12. A antena parabólica é obrigatória para se receber os sinais por assinatura?

 

 

Canais por assinatura também operam na faixa de SHF (microondas). Se bem que os sinais desta faixa sejam bastante sensíveis à presença de obstáculos, existem muitas regiões de cidades em que o serviço opera, em que estes sinais podem ser recebidos com qualidade satisfatória.

 

Assim, para esses locais, o uso da antena parabólica não é obrigatório. O aparelho receptor/decodificador pode ser tanto do tipo que opera na faixa de SHF como também com os sinais captados por uma antena parabólica.

 

A antena parabólica será justamente usada nos locais em que os sinais em SHF não são disponíveis.

 

Observe, entretanto que não é a antena que garante a recepção desses sinais em qualquer televisor, mas sim o aparelho que decodifica esses sinais e que é fornecido pela empresa que explora o serviço por assinaturas.

 

 

 

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