Descrevemos a montagem de um transmissor para a faixa dos 11 metros (PX) com a potência-limite permitida para esta modalidade de operação que é de 5 W. Modulado em amplitude e devidamente acoplado a uma antena de bom rendimento, ele permite a realização de contatos a distâncias muito grandes, alcançando países vizinhos e mesmo outros continentes. Lembramos que a operação de equipamentos deste tipo na faixa do cidadão exige licença. 

Nota: Artigo publicado na Eletrônica Total 52 de 1993

 

O excelente transmissor para a faixa de PX (11 metros) descrito neste artigo pode ser usado em conjunto com o conversor que será publicado nesta revista num dos próximos números, possibilitando assim que o leitor se torne um radioamador.

Para os residentes em São Paulo, a obtenção da licença para a faixa de 11 metros pode ser obtida consultando o DENTEL (Rua Costa, 55 -Consolação - SP), já que para os equipamentos de construção caseira exige-se a sua homologação.

No entanto, com a utilização de uma antena de menor rendimento o equipamento pode ser usado de forma mais restrita, por exemplo em ambientes fechados, ou ainda em caráter experimental.

 

 

CARACTERÍSTICAS

• Tensão de Alimentação: 12 a 14 V (bateria ou fonte)

• Corrente consumida na transmissão: 650 mA

• Potência de RF: 5 W

• Potência de áudio (modulação): 1W

• Tipo de modulação: AM negativa

 

 

COMO FUNCIONA

Inicialmente lembramos aos leitores que a faixa do cidadão, também conhecida como PX ou 11 metros (as estações têm prefixos que se iniciam com as letras P e X, daí a denominação), corresponde às frequências que estão entre 26, 965 kHz e 27,405 kHz, com separação de 10 kHz por canal. Isso resulta num total de 40 canais.

No entanto, existem canais adicionais abaixo e acima desta faixa (40 acima e 40 abaixo) perfazendo um total de 120. Nesta faixa também são reservados alguns canais para operação de controles remotos.

Na figura 1 temos a distribuição do sinal num canal desta faixa.

 


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O transmissor que descrevemos tem o diagrama de blocos mostrado na figura 2.

 


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Neste circuito o sinal de alta frequência é gerado por um oscilador controlado por cristal e elaborado em torno de um transistor 2N2222 (Q6). O uso do cristal é uma exigência legal, já que a frequência da transmissão de cada canal não pode variar. O leitor deve, portanto, adquirir um ou mais cristais, correspondentes às frequências em que pretende operar.

Uma solução interessante consiste em se usar suporte ou ainda uma chave comutadora, que selecione um dentre tantos cristais quanto o leitor

O sinal gerado por este oscilados passa por uma primeira etapa de amplificação via L2 e L3, e que tem por base o transistor Q7. Após amplificação, via L4 e L5 o sinal recebe nova amplificação por um transistor de média potência BD135 para a seguir ser levado via C18 e L.6, à etapa final de amplificação, que tem por base um transistor 02078.

Observe que as etapas de amplificação de RF são todas sintonizadas o que exige do montador uma certa habilidade nos ajustes, para colocar o circuito em condições de fornecer a máxima potência de saída.

O sinal final de 5 W é modulado e entregue à antena através de um filtro em PI, formado por L8, C26 e C27.

A modulação é feita por meio de um amplificador de áudio, usando transistores complementares BD137 e BD138 em sua saída e que excita um transistor de potência TI P41 (Q5), responsável pela corrente na etapa de saída do transmissor.

Desta forma, com os sinais de áudio recebidos, o transistor Q5 varia a tensão na etapa de saída e consequentemente a intensidade do sinal. O sinal de áudio vem de um microfone de eletreto, recebendo uma primeira amplificação por Q1. Este transmissor aplica o sinal amplificado a Q4 que atua como "driver", excitando a etapa final de potência de áudio em simetria complementar, elaborada em torno de Q3 e Q4.

A alimentação tanto do circuito de alta frequência como do modulador, pode vir de bateria ou fonte de alimentação com pelo menos 1 A de corrente, dotada de excelente filtragem.

Na figura 3 mostramos de que modo o sinal de áudio controla a corrente, tanto na etapa final corno na excitadora de RF do transmissor.

 


 

 

 

 

MONTAGEM

 

Na figura 4 mostramos o diagrama completo do transmissor.

 


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A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 5.

 


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Neste tipo de circuito, o ponto mais crítico na montagem refere-se ao enrolamento das bobinas. Para este projeto elas têm as seguintes características:

L1, L2, L4 - Estas bobinas são formadas por 8 espiras de fio com bitola de 0,3 a 0,4 mm enroladas em forma de 6 mm de diâmetro com núcleo de ferrite ajustável.

L3 - Esta bobina é formada por 3 espiras do mesmo fio da bobina anterior sobre a forma de L2.

L5 é formada por 3 espiras do mesmo fio das anteriores, sobre L4.

L6 é formada por 2 espiras do mesmo fio sobre forma de 6 mm de diâmetro com núcleo de ferrite ajustável.

L7 é formada por 7 espiras de fio com bitola de 0,5 a 0,6 mm, sobre forma de 6 mm de diâmetro com núcleo de ferrite ajustável.

L8 consta de 3 espiras de fio com bitola de 0,5 a 0,6 mm sobre uma forma de 6 mm com núcleo ajustável.

Os choques XFC1 e XFC2 podem ser formados por 25 espiras de fio de 0,2 mm de espessura sobre um resistor de 10 kΩ, 1/4 W.

XFC3 consta de 15 espiras de fio de 0,3 a 0,4 mm sobre um resistor de 10 kΩ2 x 1/4 W.

XFC4 é formado por 5 espiras de fio de 0,5 a 0,6 mm, em forma de 6 mm ou sem forma com núcleo de ar.

Os transistores Q5 e Q9 devem ser montados em radiador de calor com a utilização de pasta térmica impregnada entre o componente e o radiador propriamente dito.

Os resistores são todos de 1/8 W e os capacitores do tipo disco de cerâmica.

O microfone é de eletreto de dois fios e os trimmers são do tipo profissional de 30 pF de capacitância máxima, podendo eventualmente o lay-out da placa ser alterado para a utilização de outros tipos.

Os capacitores eletrolíticos são para 16 V ou mais de tensão de trabalho.

 

AJUSTE E USO

Para o ajuste podemos usar um medidor de intensidade de campo improvisado com alguns componentes e a escala de volts do multímetro, conforme mostra a figura 6.

 


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A bobina é formada por 4 espiras de fio de 1 mm aproximadamente de espessura obtendo-se assim um elo de Hertz, que será colocado junto à bobina do circuito ressonante que está sendo ajustado, conforme sugere a figura 7.

 


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Depois de conferir a montagem, podemos passar aos procedimentos para ajuste.

Ligue o transmissor a uma fonte de alimentação e antes de alimentá-lo conecte um pedaço de cabo coaxial de aproximadamente 3 metros na saída.

* Na extremidade do cabo coaxial ligue uma lâmpada de 12 V x 50 rnA.

* Regule todos os trimmers para as posições médias (metade da capacitância)

* Coloque o medidor de Hertz na bobina Li e com uma chave de ajuste de plástico ou madeira atue sobre o núcleo desta bobina de modo a obter o máximo de sinal.

* Faça o mesmo na bobina L2, ajustando-a para o máximo sinal. O ajuste também pode ser feito com um retoque nos capacitores CT trimmers em paralelo com as bobinas.

 


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Afastando depois o elo um pouco da bobina de modo a obter mais sensibilidade, os ajustes podem ser repetidos para alcançar um máximo de desempenho do aparelho.

A figura 8 mostra como isso deve ser feito.

 


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Continuando com o ajuste passe agora às bobinas L.6, L7 e L.8.

* Ajuste os núcleos dessas bobinas até obter o máximo de brilho da lâmpada ligada ao cabo coaxial.

Depois, falando diante do microfone, a lâmpada com o brilho inicialmente no máximo, deve piscar.

O ritmo das piscadas corresponderá ao nível da voz captada pelo microfone.

A seguir, com um receptor que capte a faixa dos 11 metros, sintonize o sinal do transmissor a uma distância de uns 5 metros, usando como antena apenas um pedaço curto de fio.

O sinal obtido deve ser claro.

Um ajuste do trimmer CT1 do oscilador permite centralizar a frequência do circuito no canal desejado.

Comprovado o funcionamento, é só fazer a sua instalação definitiva e operar.

Deve ser usada urna caixa de metal para se evitar a captação de zumbidos.

 

 

 

 

 

 

 

 

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